Na noite da última segunda-feira, 27 de outubro de 2025, a equipe jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou embargos de declaração ao Supremo Tribunal Federal (STF). Este recurso tem como finalidade sanar as supostas ambiguidades, omissões, contradições e obscuridades identificadas na decisão que resultou na condenação do ex-mandatário por sua alegada participação em uma tentativa de golpe de Estado. A iniciativa processual busca promover uma revisão formal e material do acórdão, conforme os ritos do direito processual.
A condenação de Bolsonaro ocorreu no âmbito do Núcleo 1 da investigação sobre a trama golpista. A Primeira Turma do STF o sentenciou a 27 anos e três meses de prisão, em regime inicial fechado, por uma série de delitos. Entre as acusações que fundamentaram a pena, destacam-se tentativa de golpe de Estado, atentado contra o Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada – na qual foi apontado como líder –, dano qualificado por violência e grave ameaça, e deterioração de patrimônio tombado. A complexidade do caso e a gravidade das acusações motivaram a apresentação dos embargos, visando uma análise mais aprofundada dos fundamentos da decisão.
Recurso de Bolsonaro Contesta Pena no STF por Cerceamento
Os advogados que representam o ex-presidente concentram parte de seus argumentos na revisão da dosimetria da pena aplicada. Eles sustentam que houve uma ausência de individualização adequada da sanção, além de uma violação explícita ao princípio da proporcionalidade, que garante a correspondência entre a gravidade da conduta e a penalidade imposta. De acordo com a defesa, as circunstâncias consideradas negativas para o estabelecimento da pena não foram devidamente detalhadas ou justificadas no acórdão proferido pelo STF. A fundamentação do aumento da pena, segundo os defensores, carece de clareza e de um cálculo transparente.
A argumentação da defesa ressalta a falta de especificidade sobre o significado de cada uma das circunstâncias que o Ministro Relator considerou “amplamente desfavoráveis”. “É indiscutível que a partir da existência de circunstâncias valoradas negativamente chegou-se, sem qualquer cálculo, sem qualquer demonstração, ao elevado aumento da sanção”, afirma o documento protocolado. Esta afirmação sublinha a contestação da equipe jurídica à metodologia utilizada para o cálculo da pena, argumentando que a falta de detalhamento impede a compreensão e a contestação efetiva dos critérios adotados.
Alegação de Cerceamento de Defesa: Obstáculos na Análise de Provas
Um dos pontos mais críticos levantados pelos embargos de declaração é a alegação de cerceamento de defesa. Segundo os advogados de Bolsonaro, o processo que culminou na condenação no STF foi marcado por entraves significativos que impediram o pleno exercício do direito à defesa. O documento aponta que os representantes legais do ex-presidente não tiveram tempo hábil suficiente, nem acesso adequado ao vasto volume de provas produzidas durante a investigação, o que comprometeria a lisura do processo e a capacidade de refutar as acusações.

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A defesa detalha que recebeu um volume colossal de 70 terabytes de dados para análise. Este montante, na visão dos advogados, impossibilitou um exame minucioso e exaustivo de todo o material probatório antes do encerramento da instrução processual. Adicionalmente, o recurso destaca que diversos pedidos de adiamento das audiências, fundamentais para a preparação e estudo da defesa frente ao volume de dados, foram sistematicamente negados, inviabilizando uma preparação adequada e tempestiva. A falta de tempo e recursos para processar essa quantidade de informação é central na alegação de cerceamento.
A peça processual elaborada pelos advogados enfatiza que a defesa não conseguiu sequer acessar a integralidade das provas antes do encerramento da fase de instrução. “A defesa não pôde sequer acessar a integralidade da prova antes do encerramento da instrução; não teve tempo mínimo para conhecer essa prova. E não pôde analisar a cadeia de custódia da prova. Afinal, os documentos foram entregues quando terminava a instrução e, apesar dos recursos da defesa, o processo continuou”, detalham os embargos. Essa conjuntura, conforme o documento, afetou diretamente a capacidade de contestar a autenticidade e a origem das evidências, elementos cruciais para a garantia de um julgamento justo. Para entender mais sobre a atuação do Supremo Tribunal Federal e os tipos de recursos judiciais, consulte o portal da Agência Brasil na editoria de Justiça.
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A apresentação dos embargos de declaração demonstra a intenção da defesa de Jair Bolsonaro de buscar a revisão da pena e de contestar a validade do processo que levou à condenação. Os pontos levantados focam em falhas processuais e na ausência de clareza na aplicação da lei, elementos que, se aceitos, poderiam levar a uma nova análise ou até a uma modificação da decisão. Acompanhe a nossa editoria de Política para se manter atualizado sobre os desdobramentos deste e outros casos de relevância nacional.
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