A Prova Nacional Docente (PND) 2025, aplicada no último domingo, dia 26 de outubro, destacou o idadismo como um relevante desafio social e educacional no Brasil. O tema foi o cerne da questão discursiva que os candidatos tiveram que desenvolver, sublinhando a importância de se abordar o preconceito e a discriminação baseados na idade no contexto educacional.
O conceito de idadismo, também frequentemente chamado de etarismo, engloba preconceitos, estereótipos e atos discriminatórios dirigidos a indivíduos ou grupos por causa de sua idade. Este tipo de discriminação pode se manifestar de diversas formas e em diferentes ambientes, incluindo o escolar, onde a interação entre gerações é constante e crucial para o desenvolvimento social.
PND 2025: Idadismo é Tema Central em Questão Discursiva
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela aplicação da prova, esclareceu que o enunciado da questão discursiva da PND 2025 buscou não apenas definir o idadismo, mas também enfatizar a necessidade de combater estereótipos e práticas discriminatórias. Além disso, a proposta visou estimular a promoção da integração e do respeito entre as diversas gerações presentes no ambiente escolar. As bases para esta abordagem foram extraídas do Relatório Mundial sobre o Idadismo de 2023, um documento fundamental produzido pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que oferece um panorama global sobre o tema.
Os participantes da PND foram desafiados a elaborar um texto que explorasse os impactos das distinções geracionais no cenário educacional. A tarefa exigia uma análise aprofundada dos efeitos que as diferentes perspectivas e vivências entre jovens e idosos podem gerar dentro das unidades de ensino, tanto positivos quanto negativos, e como eles influenciam o processo de aprendizagem e convivência.
Como parte da solução para este complexo problema, a PND solicitou aos mais de 1,08 milhão de inscritos que apresentassem, no mínimo, uma atividade prática. Esta atividade deveria ser capaz de combater eficazmente o idadismo e, ao mesmo tempo, promover a integração intergeracional. A iniciativa visa incentivar os futuros professores a desenvolverem estratégias pedagógicas que fomentem a inclusão e o respeito mútuo entre estudantes e educadores de todas as idades nas escolas brasileiras.
Textos Motivadores e o Apoio Pedagógico
Para auxiliar na construção do texto discursivo e contextualizar os candidatos sobre o assunto, foram disponibilizados “textos motivadores” ou “de apoio”. Este conjunto de materiais desempenhou um papel essencial ao fornecer o recorte temático necessário e ao embasar a argumentação dos participantes da PND, conhecida popularmente como “CNU dos Professores”.
Entre os textos oferecidos no domingo da aplicação da prova, destacou-se o 22º artigo do Estatuto do Idoso. Este dispositivo legal sugere a inclusão de conteúdos curriculares relacionados ao envelhecimento e à valorização da pessoa idosa. A presença deste artigo no material de apoio sublinha a relevância da legislação brasileira na promoção de uma cultura de respeito e reconhecimento da contribuição dos idosos para a sociedade e para o sistema educacional.
Outro material de apoio de grande peso foi um trecho da obra “À Sombra Desta Mangueira”, do renomado pedagogo e educador Paulo Freire (1921-1997). Publicado em 1995, a partir dos manuscritos originais do autor, o texto de Freire convida à reflexão sobre a juventude e a velhice como expressões de atitude diante da vida e da aprendizagem. A inclusão de um autor tão influente reforça a dimensão filosófica e pedagógica do tema do idadismo na PND 2025.
Estrutura da PND 2025: Prova Objetiva e Discursiva
Além da questão discursiva central sobre o idadismo, os participantes da Prova Nacional Docente também enfrentaram questões objetivas. A avaliação foi dividida em componentes de formação geral docente e de formação específica, abrangendo as 17 áreas de licenciatura.
O edital da PND 2025 especificou que a parte de formação geral consistia em 30 questões objetivas, além da já mencionada questão discursiva. Estas perguntas foram elaboradas a partir de temas considerados fundamentais para a capacitação e o perfil de um professor, englobando conhecimentos pedagógicos amplos e essenciais para a atuação em sala de aula.
Já a parte específica da prova continha 50 questões de múltipla escolha. Estas questões foram desenhadas para avaliar o conteúdo e as habilidades inerentes a cada uma das licenciaturas. As áreas contempladas incluíram artes visuais, ciências biológicas, ciências sociais, computação, educação física, filosofia, física, geografia, história, letras (com diferentes habilitações em inglês, português, português e espanhol, português e inglês), matemática, música, pedagogia e química, garantindo uma avaliação abrangente das diversas especialidades docentes.

Imagem: agenciabrasil.ebc.com.br
A matriz da avaliação teórica da PND segue o modelo do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) das Licenciaturas. Desde sua edição em 2024, o Enade tem um foco intensificado nos cursos de formação docente, buscando alinhar a qualidade da formação superior com as demandas da educação básica. A PND 2025, ao adotar essa mesma matriz, reforça o compromisso com a excelência na formação de novos educadores.
Com uma duração total de cinco horas e trinta minutos, os candidatos tiveram um tempo considerável para responder a todas as questões. O término da prova ocorreu pontualmente às 19h, conforme o horário de Brasília, em todos os locais de aplicação.
O Propósito da Prova Nacional Docente (PND)
É importante ressaltar que a Prova Nacional Docente (PND) não se configura como uma certificação pública para o exercício da profissão de professor, tampouco é um concurso público. Sua natureza é distinta, servindo como um instrumento de avaliação e diagnóstico.
Criado pelo Ministério da Educação (MEC), o exame tem o objetivo primordial de aferir o nível de conhecimento e a qualidade da formação dos futuros professores egressos das licenciaturas. Ao avaliar essa base de conhecimentos, a PND busca fornecer informações valiosas para auxiliar estados e municípios na seleção de docentes qualificados para suas respectivas redes de ensino, contribuindo para a melhoria da educação básica no país.
Através da PND, o MEC visa também estimular a realização de concursos públicos para a carreira do magistério, um passo fundamental para aumentar o número de professores efetivos e estáveis nas redes de ensino em todo o Brasil. Essa iniciativa faz parte de um plano maior, o programa “Mais Professores para o Brasil”, que agrega diversas ações voltadas ao reconhecimento, qualificação e incentivo à docência na educação básica nacional.
A realização da PND será anual, sob a coordenação do Inep, garantindo a continuidade do monitoramento da formação docente e a oferta de um instrumento relevante para as políticas educacionais. A medida reforça o empenho em valorizar a carreira do magistério e assegurar que as futuras gerações de estudantes sejam instruídas por profissionais cada vez mais preparados e atualizados.
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A discussão sobre o idadismo na Prova Nacional Docente 2025 reflete a crescente preocupação com a inclusão e o respeito às diferenças etárias no ambiente educacional brasileiro. Esta abordagem visa não apenas preparar os futuros professores para os desafios da sala de aula, mas também fomentar uma sociedade mais equitativa e justa. Para se aprofundar em mais análises sobre as políticas educacionais e seus impactos, convidamos você a continuar explorando nossa editoria de Política.
Crédito da imagem: Joédson Alves/Agência Brasil


