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Enterro de Isaac Moraes no DF é marcado por emoção e justiça

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O enterro de Isaac Moraes no DF, um adolescente de apenas 16 anos brutalmente assassinado, foi marcado por intensa emoção e um clamor unânime por justiça. Realizado no dia 19 de outubro de 2025, o último adeus a Isaac reuniu familiares e dezenas de colegas do Colégio Militar de Brasília no Cemitério Campo da Esperança, localizado na região central da capital federal.

A atmosfera era de profunda consternação. Tiago, colega de Isaac e também de 16 anos, precisou se afastar do velório para tentar assimilar a tragédia. A dor era visível em todos os presentes, que se uniram em um gesto simbólico, soltando balões brancos ao céu antes do sepultamento, em homenagem ao jovem que teve a vida interrompida precocemente.

Enterro de Isaac Moraes no DF é marcado por emoção e justiça

Isaac Moraes foi vítima de um crime hediondo na sexta-feira, 17 de outubro de 2025. O jovem foi esfaqueado mortalmente ao tentar recuperar seu celular, que havia sido roubado por um grupo de adolescentes. O incidente ocorreu entre as quadras 112/113 da Asa Sul, no Plano Piloto, uma área considerada nobre da capital. A proximidade do Parque Maria Claudia DelIsola, local que homenageia outra jovem assassinada em dezembro de 2004, adicionou um toque ainda mais sombrio ao triste episódio.

A investigação preliminar e depoimentos de testemunhas revelam que Isaac estava jogando vôlei com amigos quando foi abordado. O grupo de agressores se aproximou sob o pretexto de precisar de uma conexão Wi-Fi para realizar uma ligação. Essa tática, conforme apontou o delegado responsável pelo caso, é uma prática recorrente utilizada por esses adolescentes para iniciar os roubos. A tragédia se consumou quando Isaac reagiu à perda de seu aparelho eletrônico, resultando em um único golpe de faca fatal.

O Impacto na Comunidade e o Pedido por Justiça

Os pais de Isaac, ambos profissionais da área de saúde, estavam em estado de choque e visivelmente abalados demais para conceder entrevistas. A voz da família foi representada por Edson Avelino, de 28 anos, irmão mais velho do jovem e analista em tecnologia da informação. Edson, emocionado, descreveu Isaac como uma criança extremamente responsável e muito amada, que sonhava em seguir seus passos profissionais.

Em sua declaração à reportagem, Edson Avelino reiterou a expectativa da família por justiça, enfatizando a necessidade de punição, mesmo que os agressores sejam adolescentes. “Em um país em que se vota aos 16 anos de idade, entendo que a pessoa deve pagar pelos seus atos. Comecei a trabalhar com 14 anos com meu pai”, argumentou Edson, sublinhando a percepção de responsabilidade juvenil.

A comunidade local também expressou profunda tristeza e medo. Ricardo Montalvão, auditor fiscal e vizinho da família de Isaac, além de pai de um amigo do jovem, relatou o sentimento de insegurança que tomou conta dos moradores da quadra. Montalvão revelou que seu próprio filho havia sido vítima de furto de celular recentemente e criticou a demora no atendimento ao jovem após a agressão, que ele estimou em 30 minutos. A Secretaria de Saúde do Distrito Federal foi contatada pela Agência Brasil para comentar a denúncia, mas não houve retorno.

Lucas, também colega de 16 anos de Isaac, lembrou o amigo como uma pessoa muito divertida e um dos principais jogadores de vôlei da turma do 2º ano. “Ele brincou comigo um dia antes. Não entendo como isso foi ocorrer. Não caiu a ficha ainda”, lamentou Lucas, refletindo o sentimento de incredulidade e perda dos amigos.

Enterro de Isaac Moraes no DF é marcado por emoção e justiça - Imagem do artigo original

Imagem: Luiz Claudio Ferreira via agenciabrasil.ebc.com.br

Detalhes do Crime e da Investigação

O delegado Rodrigo Larizzatti, da Delegacia de Atendimento à Criança e ao Adolescente (DCA), forneceu atualizações sobre a investigação do assassinato de Isaac Moraes. Ele confirmou que sete adolescentes foram interrogados e três foram apreendidos sob suspeita de envolvimento direto no caso. O delegado reforçou que a abordagem inicial, simulando a necessidade de Wi-Fi, é uma tática recorrente do grupo para iniciar roubos. Dos apreendidos, apenas um demonstrou alguma preocupação com a vítima, perguntando se ela havia falecido, enquanto os outros não exibiram remorso.

A situação dos adolescentes infratores é regida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). De acordo com a legislação, um adolescente (definido como pessoa entre 12 e 18 anos) que comete um ato infracional equiparado a crime grave, como o latrocínio (roubo seguido de morte), pode ser submetido a uma medida de internação por um período máximo de três anos. Após cumprir esse prazo, o adolescente deve ser liberado ou encaminhado para regimes de semiliberdade ou liberdade assistida. Importante ressaltar que a liberação é obrigatória aos 21 anos, mesmo que o período de três anos de internação não tenha sido integralmente cumprido.

Estudos na área de segurança pública e infância e adolescência indicam que o roubo é o ato infracional mais frequentemente cometido por jovens, seguido pelo tráfico de drogas e lesão corporal. Os homicídios, embora de extrema gravidade, representam menos de 1% do total de casos envolvendo adolescentes. É comum que os adolescentes envolvidos em atos infracionais apresentem um histórico de baixa escolaridade para sua idade, e muitos já não frequentam mais a escola, seja por expulsão ou pela necessidade de ingressar precocemente no mercado de trabalho para auxiliar no sustento familiar. Especialistas sugerem que o reforço da rede de proteção social e a garantia dos direitos previstos no ECA são cruciais para prevenir que adolescentes em situação de vulnerabilidade cometam atos infracionais.

Para mais informações sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e seus princípios, consulte a página oficial do Governo Federal.

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A tragédia do jovem Isaac Moraes ressalta a urgência de debates sobre segurança pública, justiça juvenil e a implementação efetiva de políticas sociais no Brasil. A comunidade do Distrito Federal, assim como a família de Isaac, segue em busca de respostas e, principalmente, de que a justiça seja feita. Para aprofundar-se em questões urbanas e discussões sobre segurança pública, explore nossa editoria de Cidades e mantenha-se informado sobre os desafios e avanços em nossas comunidades.

Crédito da imagem: Luiz Claudio Ferreira/Agência Brasil

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