A defesa de Taiwan ganha um novo contorno estratégico com as recentes declarações de seu presidente, Lai Ching-te. Em pronunciamento nesta terça-feira, dia 28, o líder taiwanês apontou Israel como um exemplo primordial a ser seguido para o fortalecimento das capacidades defensivas da ilha. As afirmações foram feitas em Taipé, conforme apuração da agência Reuters, e abordaram a resistência contra o autoritarismo, utilizando a clássica narrativa bíblica de Davi e Golias como metáfora para a complexa relação entre Taiwan e a China continental.
Lai Ching-te ressaltou a admiração do povo taiwanês pela resiliência da nação judaica. “O povo taiwanês frequentemente olha para o exemplo do povo judeu quando enfrenta desafios à nossa posição internacional e ameaças à nossa soberania vindas da China. O povo de Taiwan nunca desanimou”, declarou o presidente em um comunicado oficial. Essa perspectiva sublinha uma postura de determinação frente às pressões geopolíticas e às reivindicações de Pequim, que considera Taiwan uma província rebelde a ser reunificada, mesmo que pela força.
Defesa de Taiwan: Israel é Modelo, Afirma Presidente Lai Ching-te
O líder taiwanês enfatizou a ineficácia do apaziguamento diante de regimes autoritários, uma tese central na sua visão de segurança nacional. Segundo Lai Ching-te, o princípio da paz por meio da força é um pilar compartilhado por sociedades como a israelense, a americana e a taiwanesa, orientando suas abordagens de defesa e segurança por anos. “A determinação e capacidade de Israel para defender seu território fornece um modelo valioso para Taiwan. Sempre acreditei que Taiwan precisa canalizar o espírito de Davi contra Golias ao enfrentar a coerção autoritária”, completou, fazendo uma clara alusão à superação de um adversário aparentemente invencível, tal qual a luta do pastor bíblico contra o gigante filisteu.
A Liderança de Taiwan e o Modelo de Israel
As declarações de Lai Ching-te surgem um dia após ele discursar em um jantar do Comitê Americano-Israelense de Assuntos Públicos, onde revelou que o novo sistema de defesa aérea de Taiwan, batizado de T-Dome, inspira-se diretamente no aclamado Domo de Ferro de Israel. Este novo sistema é parte de uma estratégia mais ampla para fortificar a capacidade de Taiwan de repelir ataques aéreos e mísseis, uma ameaça constante devido à postura da China.
A ambição de Lai Ching-te vai além do desenvolvimento de tecnologias defensivas, visando uma cooperação regional mais abrangente. “Acredito que a cooperação trilateral Taiwan-EUA-Israel pode ajudar a alcançar paz, estabilidade e prosperidade regional”, afirmou. O projeto T-Dome, anunciado cerca de um mês antes dessas declarações, visa proteger a ilha contra um possível ataque futuro, uma possibilidade que permeia as discussões geopolíticas há anos, considerando que Pequim historicamente reivindica a soberania sobre Taiwan, uma ilha com governo autônomo e um regime democrático consolidado.
O Conceito de “Paz Através da Força” e a Inovação em Defesa
Desde o início de conflitos recentes, Taiwan tem demonstrado apoio a Tel Aviv, apesar da ausência de relações diplomáticas formais, uma realidade para a maioria dos países que mantêm laços com ambos os territórios. Essa complexa dinâmica geopolítica se reflete na presença de uma embaixada de fato de Taiwan em Tel Aviv, e de um escritório representativo israelense similar em Taipé. Contudo, não existe um arranjo correspondente entre a ilha e a Palestina, um Estado que a China reconheceu em 1988 e com o qual mantém um relacionamento próximo.
A postura de Lai Ching-te também se manifesta em seu engajamento com a mídia conservadora dos Estados Unidos. Ele tem concedido entrevistas a figuras proeminentes ligadas ao movimento “Maga” (Make America Great Again), em um esforço percebido como uma busca por apoio da Casa Branca. Esta iniciativa ocorre em um momento delicado, quando a China tem pressionado os Estados Unidos a declararem oficialmente sua oposição à independência de Taiwan, intensificando as tensões na região. A independência de Taiwan é um ponto de discórdia central na política externa chinesa, que a considera uma linha vermelha intransponível. Para mais informações sobre a posição chinesa, confira este artigo da CNN Brasil.
Imagem: www1.folha.uol.com.br
Relações Diplomáticas e Geopolítica Regional
Nesta mesma terça-feira, o Ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Lin Chia-lung, expressou não estar preocupado com a possibilidade de um eventual abandono da ilha por parte do presidente americano, Donald Trump. Desde que assumiu o cargo no início deste ano, a posição do republicano em relação a Taiwan tem sido marcada por oscilações, motivadas em parte pela busca por um acordo comercial com Pequim. Em Taipé, o temor reside na possibilidade de a aliança tradicionalmente forte e não oficial com Washington ser abalada, especialmente durante a planejada visita de Trump à Ásia, visto que o presidente republicano ainda não aprovou nenhuma nova venda de armas dos EUA para Taiwan desde seu retorno à Casa Branca.
A iminente reunião entre Trump e o líder chinês, Xi Jinping, na Coreia do Sul, às margens da cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, adiciona uma camada de expectativa a essa dinâmica. Apesar das preocupações latentes, o ministro Lin reiterou a solidez dos laços bilaterais. “Nossas relações Taiwan-EUA são muito estáveis”, afirmou, transmitindo uma mensagem de confiança em meio às complexidades do cenário internacional.
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As recentes declarações do presidente Lai Ching-te sobre a inspiração israelense na defesa de Taiwan e a complexa teia de relações diplomáticas e estratégicas ressaltam a importância da resiliência e da busca por parcerias estratégicas em um cenário geopolítico desafiador. A ilha continua a se posicionar como um ator fundamental no tabuleiro da política internacional, buscando fortalecer sua soberania e segurança. Para aprofundar-se em análises sobre política internacional e seus desdobramentos, continue acompanhando nossa editoria de Política.
Crédito da imagem: Ann Wang – 10.out.2025/Reuters
