O tão aguardado CPI de setembro nos EUA emerge como um ponto de luz em um cenário de escassez de informações econômicas. Após quase três semanas sem a divulgação de relatórios cruciais devido à paralisação do governo norte-americano, o Escritório de Estatísticas do Trabalho (BLS) está programado para liberar o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) nesta sexta-feira, dia 24, trazendo um alívio momentâneo para analistas e o público.
Esta interrupção do “apagão de dados” é de suma importância para o entendimento da dinâmica dos preços que impactam diretamente os consumidores americanos. A ausência prolongada de estatísticas federais aprofundou a incerteza em relação à saúde econômica do país, tornando cada nova informação divulgada ainda mais relevante para traçar um panorama claro das tendências atuais.
Este relatório singular representa uma exceção à regra imposta pelo *shutdown*. O BLS teve seus funcionários convocados especificamente para cumprir uma exigência legal ligada ao ajuste dos pagamentos da Previdência Social para o ano de 2026, para o qual o
CPI Setembro EUA: Apagão de Dados é Interrompido por Relatório
é a peça final de dados. Após sua divulgação, a cortina da escuridão voltará a cair sobre as estatísticas econômicas federais até a reabertura completa do governo.
Apesar das circunstâncias incomuns por trás do atraso na divulgação, economistas consultados pela CNN Internacional expressaram não ter preocupações com a integridade dos dados subjacentes que serão apresentados. A metodologia de coleta e análise permanece robusta, garantindo a confiabilidade das informações.
Inflação Acima de 3% é Esperada
As projeções dos economistas indicam que os dados mais recentes do CPI devem revelar um aumento nos preços de uma ampla gama de bens e serviços. A expectativa é de que os preços tenham subido a um ritmo mais rápido que o normal, cerca de 0,4%, no mês passado. Este movimento elevaria a taxa anual de inflação de 2,9% para 3,1%, marcando o ritmo mais acelerado em mais de um ano.
Vários fatores são apontados como impulsionadores dessa alta inflacionária. Entre eles, destacam-se a elevação dos preços da gasolina, a encarecimento de alimentos e produtos afetados por novas tarifas, e uma redução mais lenta do que o esperado na inflação do setor de serviços, com a habitação sendo um componente significativo. Michael Pugliese, economista sênior do Wells Fargo, lembrou em entrevista à CNN Internacional que a última vez que a inflação esteve abaixo de 2% foi em fevereiro de 2021, um período que já se estende por mais de dois anos e meio. Para dados detalhados sobre o índice de preços ao consumidor, o BLS (Escritório de Estatísticas do Trabalho) é a agência responsável pela coleta e divulgação, com informações disponíveis em seu site oficial.
“No nível macro, é um lembrete de como a inflação pode ser persistente quando sai do controle e o quão difícil é fazê-la voltar aos 2% depois que fica acima da meta por um tempo”, afirmou Pugliese, sublinhando a complexidade de controlar os preços após um período de alta prolongada.
Persistência dos Preços de Alimentos
Ao longo dos últimos anos, os consumidores americanos têm enfrentado um aumento constante nos preços, com a inflação superando o ritmo considerado normal por quase cinco anos. Dentro desse período, houve dois anos em que os preços subiram de forma significativamente mais rápida que o usual, deixando marcas profundas no poder de compra das famílias.
Um exemplo notável é o setor alimentício. Segundo Billy Roberts, analista sênior de alimentos e bebidas do CoBank – uma instituição financeira especializada no agronegócio –, os preços dos alimentos registraram uma escalada de 24% entre os anos de 2020 e 2024. Embora tenham sido observados níveis menores de inflação ao longo do ano corrente, o “efeito cumulativo” desses aumentos anteriores continua a pesar consideravelmente no orçamento dos consumidores.

Imagem: REUTERS via cnnbrasil.com.br
Em agosto, os dados do BLS já indicavam um aumento de 0,6% nos preços dos supermercados, o maior crescimento mensal em quase três anos. Embora os economistas esperem um aumento mais moderado para setembro, algumas categorias de produtos provavelmente continuarão a apresentar pontos críticos. A carne bovina, por exemplo, teve aumentos drásticos devido à diminuição dos rebanhos causada por secas prolongadas. Já os preços do cacau e do café, inicialmente elevados por impactos das mudanças climáticas na oferta, agora enfrentam pressões adicionais decorrentes de tarifas.
Os consumidores que se preparam para o Halloween já sentem esses efeitos, como observou Roberts. Ele mencionou que os preços do cacau estão “ainda cerca de duas a três vezes maiores do que eram em 2022-23”. Itens como doces e chocolates, que não são comprados semanalmente mas em grandes quantidades para ocasiões especiais, “vão causar um grande choque nos consumidores” devido a esses aumentos.
A Economia em Formato K e Seus Impactos
Além dos alimentos, os preços da eletricidade também têm sido um ponto sensível e crescente para muitos americanos, conforme apontou Joe Brusuelas, economista-chefe da RSM, em sua análise para a CNN Internacional. Brusuelas expressou preocupação adicional com a inflação persistente em serviços discricionários, como passagens aéreas.
“O que me preocupa é a persistência dos custos no setor de serviços, junto com o aumento dos preços dos alimentos e das utilidades, que estão realmente pressionando as famílias de classe média e de baixa renda”, disse ele. Esta situação, segundo o economista, é uma manifestação da discussão mais ampla sobre a “economia em formato K”, onde “40% do país está prosperando” enquanto outros segmentos enfrentam dificuldades.
Uma análise recente conduzida pela Moody’s Analytics corroborou essa visão, revelando que os indivíduos com os maiores rendimentos no país – beneficiados por um mercado de ações em alta, aumento de salários e valorização imobiliária – são responsáveis por uma parcela cada vez maior do total de gastos. “Na base da pirâmide”, acrescentou Brusuelas, “é uma realidade muito diferente”, indicando uma crescente disparidade econômica entre os grupos de renda.
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Em suma, o relatório do CPI de setembro oferece um vislumbre crucial da saúde econômica dos EUA em meio a um período de incerteza governamental. Os dados indicam uma inflação persistente, impactando diretamente o poder de compra dos americanos e acentuando as disparidades de uma economia em formato K. Para continuar aprofundando seus conhecimentos sobre esses temas e muitos outros, acesse nossa seção de Economia.
Crédito da Imagem: CNN Brasil

